28 outubro, 2012

O desenvolvimento no texto dissertativo- uso de citação


Olá, alunos! Estou sempre dizendo em sala de aula que na dissertação não vale apenas dizer, é preciso convencer! Vamos falar então sobre um excelente recurso de fundamentação de suas ideias, a citação. A citação é interessante porque dá legitimidade ao que você escreve. É indispensável o uso das aspas. Veja mais:

A citação num texto pode aparecer com um recurso de autenticação e divulgação do discurso alheio. O crítico Antoine Compagnon comparou a citação a um enxerto, um “transplante discursivo”:
"A citação é um corpo estranho em meu texto, porque ela não me pertence, porque me aproprio dela. Também a sua assimilação, assim como um enxerto de um órgão, comporta um risco de rejeição [...]. Embora com um compromisso diferente, é o mesmo prazer do cirurgião ao inscrever o seu saber e sua técnica no corpo do paciente [...] A citação é uma cirurgia estética em que sou ao mesmo tempo o esteta, o cirurgião e o paciente: pincho trechos escolhidos que serão ornamentos [...] enxerto-os no corpo do meu texto [...] A armação deve desaparecer sob o produto final, e a própria cicatriz (as aspas) será um adorno a mais."
COMPAGNON, Antoine. O trabalho da citação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996. p.37-38.

Um dos recursos de citação mais significativos é a utilização do discurso proferido por  especialistas em determinado assunto. Esse tipo de citação é denominado discurso de autoridade. Esse discurso revela a referência como reverência aos conceitos e às pesquisas (em andamento ou já concluídas) sobre determinado tema.  Para Platão e Fiorin (2006), esse tipo de argumento:
"É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. O uso de citações, de um lado, cria a imagem de que o falante conhece bem o assunto que está discutindo, porque já leu o que sobre ele pensaram outros autores; de outro, torna os autores citados fiadores da veracidade de um dado ponto de vista."
SAVIOLI, Francisco Platão; Fiorin, José Luiz Fiorin. Lições de texto: leitura e redação. 5.ed. São Paulo: Ática, 2006. p.285.

Em relação ao caráter de “originalidade” de uma escrita, é válido destacar a dimensão complexa que essa palavra abarca, pois é  válido considerar que um texto é composto por leituras anteriores, conhecimento de mundo e outras conexões intertextuais. Para Platão e Fiorin (2006), a originalidade – além de estar em caráter de oposição ao clichê – é construída por meio da exposição estilística do sujeito atrelada a valores linguísticos, socioculturais e históricos: 
"O que se exige [...] é que o texto produzido traga marcas de quem o produziu, seja reflexo de uma observação cuidadosa e de uma análise atenta da realidade sob consideração. [...] Sujeitar-se a esquemas prontos é revelar uma percepção de mundo feita através dos olhos alheios e não dos próprios olhos. O resultado disso é  um texto despersonalizado, sem marcas do sujeito que o produziu, sem originalidade. 
É evidente que não existe originalidade absoluta, pois um texto não rompe radicalmente com o sistema linguístico do grupo social no qual está inscrito nem consegue anular as influências dos valores e crenças dominantes em cada lugar e em cada época. [...] A personalização que se exige é aquela que se reflete no modo de encaminhar o raciocínio, na maneira diferenciada de organizar os dados, de utilizar a linguagem."
SAVIOLI, Francisco PLATÃO; Fiorin, José Luiz Fiorin. Para entender o texto: leitura e redação. 16.ed. São Paulo: Ática, 2006. p.359-360.

Cuidado com os clichês, eles empobrecem o seu texto!
Em geral, concebe-se como clichê uma expressão marcadamente reproduzida pelo senso comum. Muitas vezes, oriunda de slogans/ jingles de propagandas, letras de música, citações, ditos populares, expressões idiomáticas, aforismos e discursos difundidos em registros orais. São expressões como “somos todos iguais perante a lei”, “correr atrás”,  “dar a volta por cima”, “a pressa é inimiga da perfeição”, etc. 

Há outras formas de construir seu desenvolvimento, como: exemplificação, apresentação de ideias de causa/consequência, etc. Falaremos sobre isso em posts posteriores. Um grande beijo e continue aprendendo! 
Andréa

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